Autoria do texto: @mari.fguimaraes
Eu que nunca vi na maternidade um destino certo para mim, hoje me vejo completamente tomada por um universo cheio de sutilezas e forças. É uma coisa poderosa demais esse tal de útero. Ele muda tudo dentro da gente.
Parece que "reseta" o que fomos antes e instala uma nova versão de nós mesmas. Há uma conexão com o mais primitivo dos seres e formas. É como se de uma maneira energética nos aproximássemos de todas as mulheres que vieram antes de nós e que pariram cada um dos seres que hoje habitam o mundo. É um resgate da origem do universo.
Nos sentimos mais próximas de Deus. Nossos propósitos de vida aparecem agora tão claros e palpáveis diante de nossos olhos. Ter dois corações batendo por dentro do nosso corpo, desafia a afirmação mais conhecida da ciência de que "dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço". Não só ocupam, como um deles nasce de parte de sua matéria mais essencial. Bastou umas células e a meiose para que um novo ser humano inteiramente complexo ganhasse vida.
Tal qual o boneco de barro no criacionismo. É mesmo sangue correndo nas veias, a mesma temperatura corporal, a mesma carne. Uma conexão que nunca, nenhum homem poderá sentir e entender. É coisa de bicho, é coisa divina. No mundo em que vivemos, poucas vezes na vida pude ser grata ao universo por ser mulher. Mas agora, com minha filha crescendo dentro de minhas entranhas, sou inteira gratidão.
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