terça-feira, 28 de julho de 2020

Warren Buffett: Se quiser melhorar suas habilidades de investimento, conheça o mestre.

Warren Edward Buffett nasceu em Omaha (NE - USA) aos 30 de agosto de 1930. Esse quase centenário investidor é considerado o mais bem sucedido do século XX e do mundo, e também é conhecido como o "oráculo de Omaha", porque suas estratégias servem de modelo para muitos investidores, tais como os brasileiros Luiz Barsi e Jorge Paulo Lemann. Também é reconhecido como o pai da análise fundamentalista, ou, "value investing".

Buffett começou sua educação na Escola Elementar Rose Hill em Omaha. Depois foi para a Escola Alice Deal Junior em Washington (D.C.)  terminando a graduação na Escola Woodrow Wilson em Long Beach (CA). Bacharelou-se em administração aos 19 anos na Universidade Nebraska-Lincoln, em Lincoln (NE). Aos 21 anos obteve o mestrado em Economia. Também é graduado pelo New York Institute of Finance, fundada e mantida pela Bolsa de Valores de Nova York.

Depois do pai, que foi o grande mentor de Warren, Benjamin Grahan foi a pessoa que mais o influenciou, e portanto, a estratégia de investimentos utilizada por Buffett é fundamentada em Graham. Buffett preferia comprar ações de empresas que eram negociadas abaixo de seu valor intrínseco (valor real de uma ação).

Não foi somente Graham que influenciou Warren. Philip Fisher, falecido em 2004 aos 96 anos e conhecido autor do livro "Ações Comuns e Lucros Extraordinários",  foi outro investidor que inspirou as perspectivas de Buffett. Para Fisher, comprar uma empresa barata não era tudo. Fisher dizia que os investidores deviam comprar ações de grandes empresas. Empresas líderes no segmento, com alguma vantagem competitiva durável. Segundo Buffett: "Eu sou 15% Fisher e 85% Benjamin Graham"

Em 1952 Buffett casou-se com Susan Thompson (falecida em 2004) e tiveram três filhos: Susan Alice Buffett, Howard Graham Buffett (note que o nome do meio de Howard foi uma homenagem de Buffett a Benjamim Graham) e Peter Buffett.  Em 2006 Buffett casou-se novamente, com sua colega de empresa, Astrid Menks.

Buffett empregou-se como vendedor da Buffett-Falk e Co. nos anos 1951-54. Nos anos 1954-56 no Graham-Newman Corp. trabalhou como analista e de 1956-1969 no Buffett Partnership foi sócio. Em 1956, aos 26 anos de idade, Warren acumulava uma poupança pessoal de US$ 174 mil, o que o motivou a criar a Buffett Partnership. Um ano depois, tinha três sócios operando com ele. Em 1959 sua empresa já tinha seis sócios. Uma curiosidade: um dos sócios era médico e ele pediu a esse sócio que encontrasse outros dez médicos para se associarem. Ele conseguiu onze.

Em 1962, aos 32 anos anos, a Buffett Partnership. acumulava US$ 7.178.500, dos quais US$ 1.025.000 eram de Buffett. Logo em seguida ele encerrou a parceria com os sócios e tomou o controle da empresa têxtil Berkshire Hathaway. É uma companhia sediada em Omaha, no Nebraska, que supervisiona e gere um conjunto de empresas subsidiárias. A empresa teve um crescimento médio de 20,3%, proporcionando boa rentabilidade aos seus acionistas nos últimos 44 anos. As empresas empregam cerca de 246 mil funcionários e seu valor de mercado é de US$ 309,1 bilhões (2014). Tem uma dívida mínima.

Warren Buffett é o presidente da companhia. Ele usou a gama de rendas gerada nas operações de seguros da Berkshire Hathaway (dinheiro que os segurados detêm temporariamente até que as reivindicações sejam pagas) para financiar os seus investimentos. No começo de sua carreira com a Berkshire, ele concentrou-se em investimentos a longo prazo em ações cotadas na bolsa, mas, mais recentemente, ele dedicou-se a comprar empresas inteiras. A Berkshire possui agora, uma vasta gama de empresas, incluindo ferrovias, empresas de produção de doces, aspiradores de pó, vendas de jóias, jornais, lojas, artigos de decoração, enciclopédias, fabricação e distribuição de uniformes, bem como vários serviços públicos de gás e energia elétrica.

Em 1970, aos 40 anos anos e como presidente da Berkshire Hathaway, Buffett começou a escrever sua famosa carta anual aos acionistas, onde detalha o desempenho e as metas da Berkshire Hathaway. Ele disse à CNBC que escreve o memorando como se estivesse falando com suas duas irmãs, que são acionistas da Berkshire, mas não são ativas no mundo dos negócios. Em 2007, aos 77 anos, escreveu uma carta aos acionistas, onde anunciou que estava procurando por um jovem sucessor para tomar conta de seus negócios. Buffett provisoriamente elegeu Lou Simpson. Entretanto, Simpson é apenas seis anos mais novo que Buffett.

Em 2008, tornou-se o homem mais rico do mundo, passando na frente de Bill Gates, com uma fortuna estimada em US$ 60 bilhões. No ano seguinte Buffett foi o segundo homem mais rico, com Bill Gates voltando à primeira posição.

Apesar de sua riqueza pessoal, seu salário anual é de US$ 100 mil, sendo um salário pequeno, comparado aos salários de outros executivos. Ele vive na mesma casa desde 1958, que comprou por US$ 31.500 (hoje vale mais de US$ 700 mil). Não  usa celular, não tem um computador em sua mesa e ele próprio dirige seu automóvel Cadillac DTS.

Atualmente, segundo a lista de bilionários da Bloomberg, Buffett ocupa a décima posição do ranking de bilionários, com uma fortuna avaliada em US$ 69,2 bilhões.

Alguns ensinamentos de Warren Buffett, em frases:

"Você não precisa ser um cientista de foguetes. Investir não é um jogo que a pessoa com um Q.I. de 160 ganha da pessoa com Q.I. de 130." Warren salientou que saber como o mercado funciona e investir conforme o que for necessário para ser um investidor de sucesso, prepondera sobre a inteligência. As aptidões psicológicas para ser o melhor, pensar "fora da caixa" e estar apto a agir de maneira diferente dos demais investidores, não precisa ser, necessariamente, um atributo de inteligência.

"Preço é o que você paga. Valor é o que você ganha." Em mercados especulativos, poucos percebem os bastidores que envolvem uma ação, a saber: pessoas, processos, marcas, fluxo de caixa, ou seja, uma grande empresa. Quando se compra uma ação, se está investindo em uma empresa. Como investidor, você precisa saber que existe uma diferença entre valor da ação e seu preço no mercado. Sua atenção precisa voltar-se para àquelas ações que estão com preço abaixo do valor da empresa.

"O tempo é amigo dos negócios excelentes e inimigo dos negócios medíocres." Buffett sempre buscou negócios com características de boa qualidade, altas margens, sem volatilidade, alta rentabilidade sobre o patrimônio e capital, baixo endividamento e geridos por pessoas competentes. Normalmente é o tempo que mostra essas características. Em momentos de crise essas empresas se mostram resilientes e conseguem superar os desafios externos a que forem submetidas. 

"Regra número 1: não perca dinheiro. Regra número 2: não esqueça a regra número 1." Por não se prepararem adequadamente, frequentemente investidores se arriscam em investimentos expondo o capital investido desnecessariamente. Se você resolver investir, precisa evitar erros. Os acertos acontecerão naturalmente. Se errar, procure saber o que motivou o erro para não repeti-los. Procure conhecer os erros que outros investidores cometeram e assim poderá evitá-los. Para que você seja um investidor diferenciado, é crucial não cometer erros básicos. Evite o erro a todo custo.

"Derivativos são armas de destruição em massa das finanças." Os movimentos rápidos de subida e descida de uma opção atraem normalmente os investidores com pouco capital, que acreditam no sonho da riqueza rápida. A tentação dos derivativos deve ser evitada, principalmente pelos novatos, pois eles têm a capacidade de destruir seu patrimônio rapidamente. As opções são mais indicadas como uma estratégia de proteção e você deve estar ciente sobre o perigo que representa, se acreditar em riqueza rápida. Os derivativos fazem muitas vítimas por causa do seu alto potencial destrutivo. Se até bancos e seguradoras já sofreram grandes prejuízos, não pense que com você será diferente.

"Alguém está sentado nas sombras hoje pois alguém plantou uma árvore muito tempo atrás." O sucesso em investimentos sobrevêm após adquirir mentalidade de parceria e tal conquista só pode ser obtida no longo prazo. Ao pensar num período mais longo para obter resultados, dificilmente cometerá erros, que são comuns em carteiras de alto giro, que embutem custos altos. Quem investe na busca por resultados em longo prazo, entendeu corretamente o motivo da existência do mercado de capitais: ser sócio, financiando projetos vencedores.

"Parece existir uma característica humana perversa que gosta de transformar coisas fáceis em coisas difíceis." Diferentemente do que parece, a estratégia de investimentos de Warren Buffett não é complexa. Ele tem uma equipe pequena que o assessora  nas tarefas administrativas e nos investimentos. Em uma sala exclusiva, em Omaha, no interior dos Estados Unidos, Buffett dedica seu tempo livre à leitura de relatórios, jornais e livros. Dessa forma adquiriu e acumulou conhecimento. Sua maneira de trabalhar é longe de ser sofisticada e absolutamente não é complicada. Evidentemente é resoluta. É assim que deveríamos proceder.

"Veja as flutuações de mercado como uma amiga e não como uma inimiga. Lucre com suas bobagens e não participe delas." Uma oportunidade, é ver a volatilidade do mercado criar situações de compra a preços menores que no passado. Se compararmos as características de volatilidades do Brasil com os Estados Unidos, é evidente que Warren Buffett teve muito menos oportunidades no seu próprio país. Nos momentos amedrontadores, podem ser bons para comprar. Nos momentos de euforia podem ser bons para vender. Ótimos negócios com ações de boas empresas podem aumentar seu patrimônio.

"Quando se combina ignorância e alavancagem (dívida), se tem resultados bastante interessantes." Warren Buffett nunca procurou encurtar o caminho para o êxito. A alavancagem é buscada por muitos que querem encurtar caminhos. Esses caminhos podem levar à precipícios, com fim dramático. Fuja das tentações de uma dívida. Tanto faz se for  para consumo ou para investimentos. Se você procurar por histórias de alavancagem, verá que muitas delas terminaram muito mal. Portanto, todo cuidado é pouco.

"Risco vem de você não saber o que está fazendo." Há riscos na maioria dos investimentos, tais como ações, derivativos, fundos, fundos imobiliários. Por isso, para evitá-los só há uma maneira: conhecê-los para poder geri-los. Sim, é possível gerenciar riscos. Você precisa estudar os meios de investimentos e conhecer os riscos existentes. Muitos não fazem isso e por isso são "pegos de surpresa".

Fonte http://agenteinveste.com.br/?p=2154

terça-feira, 14 de julho de 2020

João Kepler: Entusiasta do Empreendedorismo.

João Kepler, 50 anos, nascido em Macapá (AP) e criado em Belém (PA) é filho de paraibanos que foram empreendedores durante toda a vida. Jamais foram empregados. Embora o padrão de vida da família fosse bom, Kepler não ganhava "mesada". Seu pai dizia que não queria facilitar a vida de João. "Ele não queria que as coisas fossem fáceis para mim. Ele dizia que a vida era um grande rio e que eu deveria me virar para buscar os peixes". Porém, o pai não o ensinou uma das técnicas da pescaria, que é aquela em se exige paciência do pescador.

Aos 11 anos já vendia objetos usados na escola e em casa. Com 16 anos, montou uma empresa que produzia e vendia software para clínicas e consultórios médicos em Belém do Pará. Irrequieto, largou tudo e foi estudar nos Estados Unidos. Retorno ao Brasil após três anos, fixando residência em Maceió (AL). Trabalhou um tempo na iniciativa privada mas logo sua "veia" empreendedora o levou a criar em 2006, a Credix, uma operadora de cartão de crédito que chegou a ter 300 mil clientes. No entanto, foi um empreendimento que não durou muito, pois o deslumbramento com o dinheiro fácil o levou a gastar demais, acreditando naquele momento, que o sucesso vinha antes do trabalho. Em 2007 encerrou a operação depois de ter comprometido o fluxo de caixa.

O tempo que passou na Credix fortaleceu seu networking na área de eventos e isso, junto com os contatos que tinha adquirido, o motivou a criar em 2008 a empresa Show de Ingressos. Atualmente é um hiper ativo Investidor Anjo no Brasil (que é quem faz investimentos com seu próprio capital em empresas nascentes com um alto potencial de crescimento, como as startups). É sócio da empresa Bossanova e desde 2015, o fundo de investimentos Bossa Nova já injetou mais de R$ 50 milhões em 354 startups. A meta é alcançar mil companhias até 2020. Kepler e o sócio Pierre Schurmann têm uma participação societária nessas empresas em torno de 8,5%. A inspiração para operar dessa forma vem do fundo americano SV Angel, conhecido como “o padrinho das startups”. Fundado em 2009, o fundo investe entre US$ 25 mil e US$ 100 mil em mais de 600 empresas.

A Bossa Nova recebe aportes do grupo financeiro BMG e os investimentos obtidos chegam a R$ 100 milhões. O grupo mineiro tem uma participação minoritária na empresa de Kepler e Pierre. Eles acreditam em encontrar o primeiro "unicórnio" como são conhecidas as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão e “Isso pagaria todo o investimento ”, diz Kepler. O empresário prevê que a cada mil startups aportadas, pelo menos uma se torne bilionária.

Conforme a revista Isto É Dinheiro, a estratégia da dupla para chegar a marca de 1.000 startups é internacionalizar os investimentos. O alvo preferido no exterior são os EUA. Dos quase 650 negócios que faltam ser fechados para que a Bossa Nova alcance seu objetivo, a expectativa é de que cerca de 250 aportes sejam feitos por lá. Outro país na mira é Portugal, onde a companhia já fincou os pés com, pelo menos, um investimento – o nome da startup não foi revelado. O mercado asiático é outro que está sendo estudado. Assim como a música, o dinheiro brasileiro também dá mostras que pode ser querido no mundo todo.

Kepler é um entusiasta do empreendedorismo, acreditando que é a melhor escolha para o desenvolvimento econômico de qualquer país. No entanto, avalia que é necessário que se crie uma cultura empreendedora. Por isso  a importância de disseminar esse conceito nas escolas e também no ambiente familiar.

Embora a família toda, começando com os pais e se estendendo ao filhos, sejam empreendedores, João Kepler diz que não pressiona seus filhos para que tenham seus próprios negócios: "O essencial é que eles estejam focados no trabalho, não no emprego. Quando alguém perde o emprego, fica sem chão. Mas quando o pensamento está no trabalho, a pessoa sempre vai correr atrás. Mas o mais importante, para mim, é que eles sejam felizes. Não importa como."

Numa entrevista que Kepler concedeu recentemente ele disse que "os empregos considerados formais estão diminuindo, tanto no serviço público como na iniciativa privada. Vejo que haverá cada vez menos espaço no mercado para quem se prepara exclusivamente pensando em ter o seu salário fixo no fim do mês, com carteira assinada e uma suposta estabilidade. Isso me parece irreversível. Daí a lógica que eu insisto que devemos seguir: de preparar os nossos filhos para o mundo, e não querer mudar o mundo para eles."

"É preciso mostrar que a felicidade só é possível com esforço." João Kepler

Fonte: http://agenteinveste.com.br/?p=2143

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Benjamin Grahan: o precursor da estratégia buy and hold de investimentos em ações.

Benjamin Grahan é considerado como um dos primeiro a adotarem a  estratégia de investir em ações de empresas consistentes e com excelentes possibilidades de retorno de caixa e continuar com elas por longos períodos, no intuito de aumentar o patrimônio pela valorização desses papéis no longo prazo. Esse tipo de investimento em ações atualmente é chamado de "buy and hold". O bilionário Warren Buffett é um prestigiado seguidor dessa estratégia, sendo o ícone dessa técnica bastante famosa. Os seguidores dessa estratégia tem como objetivo ter  lucros maiores ao eliminar os custos excessivos de negociações frequentes e imposto de renda. O tradução literal para "buy and hold" é "compre e segure". Os discípulos conhecidos de Graham incluem Jean-Marie Eveillard, Warren Buffett, William J. Ruane, Irving Kahn, Walter J. Schloss, entre outros.

Benjamin Grahan (1894-1976) nasceu em Londres e com um ano de idade mudou-se com os pais para os Estados Unidos, onde viveu até o final do seus dias, tendo falecido de causas naturais. Seus pais, temendo que o sobrenome original Grossbaum trouxesse consequências negativas, pois marcava sua ascendência judia, etnia que os alemães já tinham a começado a hostilizar na primeira guerra mundial, mudaram o sobrenome para Graham.

Após o falecimento do pai e por ter experimentado a humilhação da pobreza, Graham resolveu estudar com afinco, obtendo bacharelado em economia aos vinte anos de idade na Universidade de Colúmbia no estado americano da Carolina do Sul. Recebeu convites para lecionar inglês, matemática e filosofia, porém optou por trabalhar em Wall Street, sendo que o seu trabalho era inicialmente análise financeira, chegando a sócio da empresa que o empregou, pela sua sagacidade, inteligência e determinação. Aos 25 anos de idade seu salário já era de US$ 500 mil ao ano. Era um valor considerável para a época. Depois disso formou uma parceria de investimentos com outro corretor, chamado Jerome Newman, ficando conhecida como parceria Graham-Newman e foi uma relação continuada até sua aposentadoria em 1956.

Ben Grahan defendia que o preço de uma ação deveria exprimir a probabilidade de lucros vindouros, diante do seu fluxo de caixa em determinado momento, na seguinte frase: "O valor presente de uma ação depende dos lucros e dividendos futuros, que são aspectos que nunca ninguém poderá saber com certeza". Para fundamentar o investimento nessas ações, Ben tinha grande expertise na análise fundamentalista, que analisa a situação financeira, econômica e mercadológica de uma empresa, um setor ou dado econômico, uma commoditie ou uma moeda e suas expectativas e projeções para o futuro. Avalia também o cenário macro e micro em que uma empresa em questão está inserida permitindo fazer um verdadeiro raio-x de sua situação.

Como dissemos anteriormente, a associação entre Graham e Newman continuou até 1956 e seus investidores jamais perderam dinheiro. A rentabilidade dessa parceria tinha um retorno anual de cerca de 20%,   diante dos 12,2%  do S&P 500. A sociedade continuava firme ao mesmo tempo em que escrevia e dava palestras na Universidade de Colúmbia, antes de se aposentar daquela instituição, igualmente em  1956. A Graham-Newman também remunerava muito bem os seus diretores com um salário fixo, mais variáveis por desempenho. Considerando a lucratividade média da empresa em torno de 20%, é óbvio supor que os diretores conseguiram excelentes rendimentos.

Benjamin Graham investia com alta margem de segurança, que consistia em comprar ações abaixo do seu valor intrínseco, ou seja quando o papel estava bem abaixo de uma avaliação conservadora do negócio. Essa margem de segurança funcionava como uma almofada (ou cinto de segurança) para o investidor, caso houvessem erro humano na avaliação e se as condições da empresa deteriorassem. Graham defendia duas abordagens para um investidor: "o investidor defensivo" e o "investidor empreendedor." Mas sua visão de valor era muito mais voltada para o investidor defensivo, que é quando se está mais interessado em preservar, capitalizando o retorno ideal sobre um investimento. Com relação ao investidor empreendedor, ele admitia que esse investidor pudesse comprar ações de  empresas com menor valor de mercado, que não pagam dividendos ou têm grandes quantidades de dívida e dessa forma, estando disposto a correr riscos, poderia ter um retorno maior. 

Uma curiosidade: Graham refutava empresas de tecnologia. Também se negava a investir em empresas financeiras. Por isso, certamente teria passado ileso pelas bolhas de tecnologia e booms imobiliários.     

Incrivelmente, Warren Buffett praticamente implorou para trabalhar na empresa de investimentos de Ben Grahan, já que Grahan a princípio, rejeitava a ideia da aproximação, mas terminou cedendo. Esse gesto de Grahan era o que Buffett realmente queria e jamais deixou de reconhecer o que ele aprendeu com Ben Graham.

Provavelmente uma das maiores contribuições de Graham para o mercado financeiro, foi o padrão Value Investing, que surgiu presumivelmente após após a depressão de 1929, quando Graham conseguiu comprar ações com descontos sobre o valor real da empresa, surgindo então o conceito de valor intrínseco, que é considerado o verdadeiro valor da companhia, motivado por determinados fatores, quando devem ser analisados se a gestão da empresa é correta, se as operações são sustentáveis e se os indicadores financeiros e de crescimento são promissores Esse olhar de longo prazo deve ser essencial nessa estratégia.

Interessante destacar um conceito que ele explicava como sendo o "Sr. Mercado", quando ele comparava os movimentos do mercado a uma pessoa, que tem medos e desejos. Ou seja, as oscilações de preços necessariamente não eram motivados por fatores práticos, significando que quando o valor das ações sobem ou descem muito, a cinesia do mercado reflete muito mais as emoções e "modus operandi" dos investidores, do que propriamente às ações e ao mercado financeiro. Dessa forma, o valor real de um ativo fica completamente mascarado.

Certamente, caso você queira conhecer mais satisfatoriamente o mercado financeiro e investir melhor, precisará estudar Benjamin Graham e assim melhorará as suas habilidades necessárias para avaliar melhor as iniciativas que quiser ter antes de comprar ou vender ativos.

Benjamin Graham é autor de diversos livros e a sua brilhante obra "O investidor Inteligente", que foi publicado inicialmente em 1949, é considerado como o livro definitivo sobre Value Investing. Esse livro dá ensinamentos pragmáticos, e é visto como a “Bíblia do Investimento em Valor”. Essa publicação ainda hoje é uma das mais lidas entre os que estudam as diversas estratégias de investimento.

Lembremo-nos de algumas frases de Benjamin Graham:

"É preciso ter paciência e disciplina para se manter firme em suas convicções quando o mercado insiste que você está errado."

"Você pode se dar mais mal com uma boa ideia do que com uma má ideia, porque você se esquece de que as boas ideias tem limites."

"O investidor inteligente é um realista que vende para os otimistas e compra dos pessimistas."

"O preço é o que você paga. Valor é o que você leva."

"Chamar alguém que compra e vende com frequência no mercado de ações de investidor é como chamar alguém que está sempre tendo relações de uma noite só, de romântico."

"A curto prazo o mercado é uma máquina de votação, mas, a longo prazo, o mercado é uma balança."

"Seu sucesso em investimentos dependerá em parte de seu caráter e sua intuição, e em parte em sua habilidade de se dar conta no topo da euforia e no fundo do desespero de que isso também passará."

"A cada nova onda de otimismo ou pessimismo, nós estamos prontos para abandonar princípios historicamente testados e que resistiram ao tempo para mergulharmos fundo e sem questionamentos naquelas atitudes que justamente mais irão nos prejudicar."

Fonte: http://agenteinveste.com.br/?p=2106

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Luiz Barsi Filho: "Não conheço ninguém que ficou rico especulando."

Luiz Barsi Filho nasceu em São Paulo em 10 de março de 1939. É economista, advogado e o maior investidor individual brasileiro. Filho de imigrantes espanhóis, quando criança morava em um cortiço no Brás. Perdeu o pai com um ano e se tornou engraxate aos nove anos de idade. Aos 14 anos começou a trabalhar em uma corretora, tendo começado a investir nos anos 60. Apesar das dificuldades no início da carreira, Luiz Barsi nunca deixou de lado os estudos. Hoje o megainvestidor é formado em Estrutura e Análise de Balanços, Economia e Direito. Se tornou bilionário e no entanto, é conhecido pela sua simplicidade, já que é avesso à ostentação. Tem 5 filhos sendo que Louise, a filha caçula, é a única que trabalha no mercado financeiro com o pai que, aos 80 anos, está passando para ela as responsabilidades pelos investimentos.

Luiz Barsi e a filha Louise todos os dias pegam um metrô para chegar ao trabalho no centro de São Paulo. A rotina esconde um detalhe: Luiz Barsi é um dos maiores (e mais discretos) investidores da bolsa brasileira, com quase 2 bilhões de reais investidos.

Barsi, que trabalha com investimentos há mais de 60 anos, embora não siga um método convencional, tipo o "trend following", aprendeu que para ter sucesso precisava escolher uma estratégia e segui-la com disciplina espartana, tornando-se assim seguidor do método "value investing", que é uma estratégia de investimento que considera o valor potencial de uma empresa, e não o valor apresentado pelo mercado financeiro. Investidores adeptos do sistema "value investing" compram ações de empresas que eles consideram estar abaixo do preço, mas que a longo prazo possam valorizar.

Chamado por alguns de Warren Buffett brasileiro pela maneira como escolhe as ações em que investe – e pelos ótimos retornos que conseguiu ao longo da vida -, para outros, ele é conhecido como  o“Rei dos Dividendos”. Barsi tem uma legião de fãs. Sua maior fã é justamente Louise, cuja educação em casa era baseada nos ensinamentos financeiros do pai e ela conta uma história interessante: na adolescência ganhou dele as primeiras ações do grupo de energia Ultrapar. A ideia era substituir a mesada pelos papéis. O pai explicou que aquelas ações pagariam dividendos e era somente dali que ela poderia comprar aquilo que quisesse. “Ele disse que não compraria mais nada para mim. Eu tinha que me virar com aquele valor.” O pai também explicou que se ela não gastasse o dinheiro recebido dos dividendos, poderia comprar mais ações e assim ampliar seus investimentos e consequentemente, o valor a receber. Tudo dependeria da disciplina e da paciência da jovem.

Esse bem sucedido paulistano de 80 anos ainda na ativa, não se preocupa com as oscilações da Bolsa: sua aposta é nas ações que pagam bons dividendos. Uma outra frase marcante de Barsi em relação ao dinheiro: "Dinheiro não é para gastar, só serve para fazer mais dinheiro", diz.

Barsi desenvolveu há 46 anos sua Carteira de Previdência, que consiste em comprar ações que pagam bons dividendos para segurá-las, independentemente de sua cotação. Os dividendos são parte do lucro das empresas distribuído periodicamente aos acionistas. A carteira de Barsi tem 12 empresas que ele mantém há anos, algumas há mais de três décadas. "Eu não invisto em ações da Bolsa, por investir. Eu compro participações em empresas com bons projetos. Gosto de companhias tradicionais e só compro as ações quando os preços estão em queda, nunca em alta." Entretanto, Luiz afirma que muitas vezes vê aparecer uma oportunidade boa de mercado para comprar e, por vislumbrar uma subida boa, compra para se alavancar e depois vender, injetando mais dinheiro nas suas 12 empresas.

“Hoje, posso afirmar sem engano que ações garantem o futuro” é outra frase lapidar de Barsi. Ele afirma também que "não investe em ações como essência. Investe em projetos empresariais com perspectivas de serem bem-sucedidos. Ação é uma maneira de participar desses projetos. Se você pretende investir em busca de riqueza rápida, procure outra aplicação que não as ações, mesmo porque o segmento acionário não lhe será favorável. Portanto, fuja da bolsa.”

Luiz Barsi explica em três parágrafos as principais diferenças entre especulação e investimento:

  •  Os especuladores não estão interessados em manter seus ativos por um longo período. Eles focam apenas no curto prazo;
  •  Os especuladores têm como motivação principal o potencial de lucro, nem que isso signifique arriscar todo o capital empregado;
  •  Os especuladores adquirem algum ativo simplesmente apostando que ele irá se valorizar porque alguém pagará mais caro. Eles nem sempre realizam uma “análise profunda”, tampouco enxergam empresas por trás de ações, imóveis por trás de fundos imobiliários, e aí por diante.

A estratégia de Barsi se baseia no ato de encontrar empresas que estejam com um preço abaixo do seu valor intrínseco em determinado momento, que é uma outra forma de entender a tática do "value investing". O método que Barsi utiliza é aplicar em empresas que possam ser comparadas a uma “vaca leiteira”, rendendo “leite” (ou dividendos) por longos períodos de tempo.

Apesar de Luiz Barsi ser um investidor extremamente ativo no mercado de ações, dedica parte de seu tempo na educação financeira de pessoas que tenham vontade de aprender. Em um dos seus ensinamentos contou a seguinte história: "você precisa ter conhecimento e preparo para não cometer erros básicos. Alguns desses erros são inclusive incentivados por algumas instituições que deveriam defender o investidor. Um dia um rapaz que era médico me perguntou: ‘Como faço para investir?’. Eu respondi: ‘Você consegue me passar em 15 minutos todo o conhecimento que você adquiriu ao longo da sua carreira como médico?’ Ele respondeu que não seria possível. O mesmo se aplica a investir em ações. Não é possível aprender em apenas 15 minutos o conhecimento para ser bem-sucedido ao investir em ações." 

Fonte: http://agenteinveste.com.br/?p=2100