quarta-feira, 1 de julho de 2020

Luiz Barsi Filho: "Não conheço ninguém que ficou rico especulando."

Luiz Barsi Filho nasceu em São Paulo em 10 de março de 1939. É economista, advogado e o maior investidor individual brasileiro. Filho de imigrantes espanhóis, quando criança morava em um cortiço no Brás. Perdeu o pai com um ano e se tornou engraxate aos nove anos de idade. Aos 14 anos começou a trabalhar em uma corretora, tendo começado a investir nos anos 60. Apesar das dificuldades no início da carreira, Luiz Barsi nunca deixou de lado os estudos. Hoje o megainvestidor é formado em Estrutura e Análise de Balanços, Economia e Direito. Se tornou bilionário e no entanto, é conhecido pela sua simplicidade, já que é avesso à ostentação. Tem 5 filhos sendo que Louise, a filha caçula, é a única que trabalha no mercado financeiro com o pai que, aos 80 anos, está passando para ela as responsabilidades pelos investimentos.

Luiz Barsi e a filha Louise todos os dias pegam um metrô para chegar ao trabalho no centro de São Paulo. A rotina esconde um detalhe: Luiz Barsi é um dos maiores (e mais discretos) investidores da bolsa brasileira, com quase 2 bilhões de reais investidos.

Barsi, que trabalha com investimentos há mais de 60 anos, embora não siga um método convencional, tipo o "trend following", aprendeu que para ter sucesso precisava escolher uma estratégia e segui-la com disciplina espartana, tornando-se assim seguidor do método "value investing", que é uma estratégia de investimento que considera o valor potencial de uma empresa, e não o valor apresentado pelo mercado financeiro. Investidores adeptos do sistema "value investing" compram ações de empresas que eles consideram estar abaixo do preço, mas que a longo prazo possam valorizar.

Chamado por alguns de Warren Buffett brasileiro pela maneira como escolhe as ações em que investe – e pelos ótimos retornos que conseguiu ao longo da vida -, para outros, ele é conhecido como  o“Rei dos Dividendos”. Barsi tem uma legião de fãs. Sua maior fã é justamente Louise, cuja educação em casa era baseada nos ensinamentos financeiros do pai e ela conta uma história interessante: na adolescência ganhou dele as primeiras ações do grupo de energia Ultrapar. A ideia era substituir a mesada pelos papéis. O pai explicou que aquelas ações pagariam dividendos e era somente dali que ela poderia comprar aquilo que quisesse. “Ele disse que não compraria mais nada para mim. Eu tinha que me virar com aquele valor.” O pai também explicou que se ela não gastasse o dinheiro recebido dos dividendos, poderia comprar mais ações e assim ampliar seus investimentos e consequentemente, o valor a receber. Tudo dependeria da disciplina e da paciência da jovem.

Esse bem sucedido paulistano de 80 anos ainda na ativa, não se preocupa com as oscilações da Bolsa: sua aposta é nas ações que pagam bons dividendos. Uma outra frase marcante de Barsi em relação ao dinheiro: "Dinheiro não é para gastar, só serve para fazer mais dinheiro", diz.

Barsi desenvolveu há 46 anos sua Carteira de Previdência, que consiste em comprar ações que pagam bons dividendos para segurá-las, independentemente de sua cotação. Os dividendos são parte do lucro das empresas distribuído periodicamente aos acionistas. A carteira de Barsi tem 12 empresas que ele mantém há anos, algumas há mais de três décadas. "Eu não invisto em ações da Bolsa, por investir. Eu compro participações em empresas com bons projetos. Gosto de companhias tradicionais e só compro as ações quando os preços estão em queda, nunca em alta." Entretanto, Luiz afirma que muitas vezes vê aparecer uma oportunidade boa de mercado para comprar e, por vislumbrar uma subida boa, compra para se alavancar e depois vender, injetando mais dinheiro nas suas 12 empresas.

“Hoje, posso afirmar sem engano que ações garantem o futuro” é outra frase lapidar de Barsi. Ele afirma também que "não investe em ações como essência. Investe em projetos empresariais com perspectivas de serem bem-sucedidos. Ação é uma maneira de participar desses projetos. Se você pretende investir em busca de riqueza rápida, procure outra aplicação que não as ações, mesmo porque o segmento acionário não lhe será favorável. Portanto, fuja da bolsa.”

Luiz Barsi explica em três parágrafos as principais diferenças entre especulação e investimento:

  •  Os especuladores não estão interessados em manter seus ativos por um longo período. Eles focam apenas no curto prazo;
  •  Os especuladores têm como motivação principal o potencial de lucro, nem que isso signifique arriscar todo o capital empregado;
  •  Os especuladores adquirem algum ativo simplesmente apostando que ele irá se valorizar porque alguém pagará mais caro. Eles nem sempre realizam uma “análise profunda”, tampouco enxergam empresas por trás de ações, imóveis por trás de fundos imobiliários, e aí por diante.

A estratégia de Barsi se baseia no ato de encontrar empresas que estejam com um preço abaixo do seu valor intrínseco em determinado momento, que é uma outra forma de entender a tática do "value investing". O método que Barsi utiliza é aplicar em empresas que possam ser comparadas a uma “vaca leiteira”, rendendo “leite” (ou dividendos) por longos períodos de tempo.

Apesar de Luiz Barsi ser um investidor extremamente ativo no mercado de ações, dedica parte de seu tempo na educação financeira de pessoas que tenham vontade de aprender. Em um dos seus ensinamentos contou a seguinte história: "você precisa ter conhecimento e preparo para não cometer erros básicos. Alguns desses erros são inclusive incentivados por algumas instituições que deveriam defender o investidor. Um dia um rapaz que era médico me perguntou: ‘Como faço para investir?’. Eu respondi: ‘Você consegue me passar em 15 minutos todo o conhecimento que você adquiriu ao longo da sua carreira como médico?’ Ele respondeu que não seria possível. O mesmo se aplica a investir em ações. Não é possível aprender em apenas 15 minutos o conhecimento para ser bem-sucedido ao investir em ações." 

Fonte: http://agenteinveste.com.br/?p=2100 


Nenhum comentário:

Postar um comentário