quarta-feira, 8 de julho de 2020

Benjamin Grahan: o precursor da estratégia buy and hold de investimentos em ações.

Benjamin Grahan é considerado como um dos primeiro a adotarem a  estratégia de investir em ações de empresas consistentes e com excelentes possibilidades de retorno de caixa e continuar com elas por longos períodos, no intuito de aumentar o patrimônio pela valorização desses papéis no longo prazo. Esse tipo de investimento em ações atualmente é chamado de "buy and hold". O bilionário Warren Buffett é um prestigiado seguidor dessa estratégia, sendo o ícone dessa técnica bastante famosa. Os seguidores dessa estratégia tem como objetivo ter  lucros maiores ao eliminar os custos excessivos de negociações frequentes e imposto de renda. O tradução literal para "buy and hold" é "compre e segure". Os discípulos conhecidos de Graham incluem Jean-Marie Eveillard, Warren Buffett, William J. Ruane, Irving Kahn, Walter J. Schloss, entre outros.

Benjamin Grahan (1894-1976) nasceu em Londres e com um ano de idade mudou-se com os pais para os Estados Unidos, onde viveu até o final do seus dias, tendo falecido de causas naturais. Seus pais, temendo que o sobrenome original Grossbaum trouxesse consequências negativas, pois marcava sua ascendência judia, etnia que os alemães já tinham a começado a hostilizar na primeira guerra mundial, mudaram o sobrenome para Graham.

Após o falecimento do pai e por ter experimentado a humilhação da pobreza, Graham resolveu estudar com afinco, obtendo bacharelado em economia aos vinte anos de idade na Universidade de Colúmbia no estado americano da Carolina do Sul. Recebeu convites para lecionar inglês, matemática e filosofia, porém optou por trabalhar em Wall Street, sendo que o seu trabalho era inicialmente análise financeira, chegando a sócio da empresa que o empregou, pela sua sagacidade, inteligência e determinação. Aos 25 anos de idade seu salário já era de US$ 500 mil ao ano. Era um valor considerável para a época. Depois disso formou uma parceria de investimentos com outro corretor, chamado Jerome Newman, ficando conhecida como parceria Graham-Newman e foi uma relação continuada até sua aposentadoria em 1956.

Ben Grahan defendia que o preço de uma ação deveria exprimir a probabilidade de lucros vindouros, diante do seu fluxo de caixa em determinado momento, na seguinte frase: "O valor presente de uma ação depende dos lucros e dividendos futuros, que são aspectos que nunca ninguém poderá saber com certeza". Para fundamentar o investimento nessas ações, Ben tinha grande expertise na análise fundamentalista, que analisa a situação financeira, econômica e mercadológica de uma empresa, um setor ou dado econômico, uma commoditie ou uma moeda e suas expectativas e projeções para o futuro. Avalia também o cenário macro e micro em que uma empresa em questão está inserida permitindo fazer um verdadeiro raio-x de sua situação.

Como dissemos anteriormente, a associação entre Graham e Newman continuou até 1956 e seus investidores jamais perderam dinheiro. A rentabilidade dessa parceria tinha um retorno anual de cerca de 20%,   diante dos 12,2%  do S&P 500. A sociedade continuava firme ao mesmo tempo em que escrevia e dava palestras na Universidade de Colúmbia, antes de se aposentar daquela instituição, igualmente em  1956. A Graham-Newman também remunerava muito bem os seus diretores com um salário fixo, mais variáveis por desempenho. Considerando a lucratividade média da empresa em torno de 20%, é óbvio supor que os diretores conseguiram excelentes rendimentos.

Benjamin Graham investia com alta margem de segurança, que consistia em comprar ações abaixo do seu valor intrínseco, ou seja quando o papel estava bem abaixo de uma avaliação conservadora do negócio. Essa margem de segurança funcionava como uma almofada (ou cinto de segurança) para o investidor, caso houvessem erro humano na avaliação e se as condições da empresa deteriorassem. Graham defendia duas abordagens para um investidor: "o investidor defensivo" e o "investidor empreendedor." Mas sua visão de valor era muito mais voltada para o investidor defensivo, que é quando se está mais interessado em preservar, capitalizando o retorno ideal sobre um investimento. Com relação ao investidor empreendedor, ele admitia que esse investidor pudesse comprar ações de  empresas com menor valor de mercado, que não pagam dividendos ou têm grandes quantidades de dívida e dessa forma, estando disposto a correr riscos, poderia ter um retorno maior. 

Uma curiosidade: Graham refutava empresas de tecnologia. Também se negava a investir em empresas financeiras. Por isso, certamente teria passado ileso pelas bolhas de tecnologia e booms imobiliários.     

Incrivelmente, Warren Buffett praticamente implorou para trabalhar na empresa de investimentos de Ben Grahan, já que Grahan a princípio, rejeitava a ideia da aproximação, mas terminou cedendo. Esse gesto de Grahan era o que Buffett realmente queria e jamais deixou de reconhecer o que ele aprendeu com Ben Graham.

Provavelmente uma das maiores contribuições de Graham para o mercado financeiro, foi o padrão Value Investing, que surgiu presumivelmente após após a depressão de 1929, quando Graham conseguiu comprar ações com descontos sobre o valor real da empresa, surgindo então o conceito de valor intrínseco, que é considerado o verdadeiro valor da companhia, motivado por determinados fatores, quando devem ser analisados se a gestão da empresa é correta, se as operações são sustentáveis e se os indicadores financeiros e de crescimento são promissores Esse olhar de longo prazo deve ser essencial nessa estratégia.

Interessante destacar um conceito que ele explicava como sendo o "Sr. Mercado", quando ele comparava os movimentos do mercado a uma pessoa, que tem medos e desejos. Ou seja, as oscilações de preços necessariamente não eram motivados por fatores práticos, significando que quando o valor das ações sobem ou descem muito, a cinesia do mercado reflete muito mais as emoções e "modus operandi" dos investidores, do que propriamente às ações e ao mercado financeiro. Dessa forma, o valor real de um ativo fica completamente mascarado.

Certamente, caso você queira conhecer mais satisfatoriamente o mercado financeiro e investir melhor, precisará estudar Benjamin Graham e assim melhorará as suas habilidades necessárias para avaliar melhor as iniciativas que quiser ter antes de comprar ou vender ativos.

Benjamin Graham é autor de diversos livros e a sua brilhante obra "O investidor Inteligente", que foi publicado inicialmente em 1949, é considerado como o livro definitivo sobre Value Investing. Esse livro dá ensinamentos pragmáticos, e é visto como a “Bíblia do Investimento em Valor”. Essa publicação ainda hoje é uma das mais lidas entre os que estudam as diversas estratégias de investimento.

Lembremo-nos de algumas frases de Benjamin Graham:

"É preciso ter paciência e disciplina para se manter firme em suas convicções quando o mercado insiste que você está errado."

"Você pode se dar mais mal com uma boa ideia do que com uma má ideia, porque você se esquece de que as boas ideias tem limites."

"O investidor inteligente é um realista que vende para os otimistas e compra dos pessimistas."

"O preço é o que você paga. Valor é o que você leva."

"Chamar alguém que compra e vende com frequência no mercado de ações de investidor é como chamar alguém que está sempre tendo relações de uma noite só, de romântico."

"A curto prazo o mercado é uma máquina de votação, mas, a longo prazo, o mercado é uma balança."

"Seu sucesso em investimentos dependerá em parte de seu caráter e sua intuição, e em parte em sua habilidade de se dar conta no topo da euforia e no fundo do desespero de que isso também passará."

"A cada nova onda de otimismo ou pessimismo, nós estamos prontos para abandonar princípios historicamente testados e que resistiram ao tempo para mergulharmos fundo e sem questionamentos naquelas atitudes que justamente mais irão nos prejudicar."

Fonte: http://agenteinveste.com.br/?p=2106

Nenhum comentário:

Postar um comentário