quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico

Opinião do meu amigo Roberto Curt Dopheide (http://ateneu1957.blogspot.com/) sobre o artigo de ELIANE BRUM em http://revistaepoca.globo.com

Olá, meu amigo!

Sim... eu gosto de conversar sobre (a-) religião, sobre (anti-) religião e mesmo sobre religião sob diversos focos. Também continuo acreditando que o crente a quem a crença faz bem e que pratica o bem, não deve mudar... se está em paz consigo, por que haveria de se querer levar ele para um lado que talvez não lhe faça bem?

Não posso afirmar que se viesse (ou voltasse?) a crer, eu me sentiria melhor, mas também não posso afirmar que se "convertesse" alguém para o ateísmo, eu estaria lhe fazendo um bem. Até o creio, pela paz interior que sinto em estar convencido que só dependo de mim... mas como não posso garantí-lo, limito minhas conversar ao tema, sem desejos de convencimento de parte a parte. Ponto e vírgula...

A jornalista expõe bem a questão. O respeito ao outro antes de tudo, antes de crer e antes de descrer... De fato evito dizer a qualquer um que sou ateu - já vi nos olhos do despreparado a quem o disse o brilho característico de quem vê o demônio... e embora também não creia no demônio, para que se sentir assim?

Quando se falou em discriminar o ateu, me veio logo à mente a discriminação quanto aos fumantes. Concordo em não fumar em lugares fechados, no carro dos outros, em restaurantes, perto de crianças... mas desenhar imagens de moribundos nos maços de cigarro me parece um decidido exagero. Nunca bati na minha mulher ou no meu filho, nunca atropelei ninguém nem causei acidentes a terceiros por fumar. Já atropelei alguém por ter tomado (moderadamente, ainda bem). Então vejo que o álcool (e outras drogas alucinantes) fazem maior mal que o cigarro.

Se devo imaginar que o governo faz campanhas anti-fumo com o (duvidoso) real intuito de proteger os cidadãos e para isso fotografa moribundos (não comprovadamente fumantes, diga-se de passagem) nos maços de cigarro, eu gostaria de ver a garrafa de uísque com a foto de um fígado com cirrose, ou de um acidente de trânsito fatal com uma criança inocente com sua cabeça decepada...

Eu gostaria de ver caveiras desenhadas junto ao escapamento dos carros, para alertar que de lá sai gás carbônico que respiro passivamente... para ficar em uns poucos exemplos.

Continuo vendo alguns "amigos" se vangloriando do quão espertos foram em algum negócio, ao mesmo tempo em que me olham com desdém porque fumo. Eu preferiria ter amigos honestos e éticos... ainda que fumantes.

Valha-nos (Deus?) que isso fique só no cigarro e (tomara) no uísque ou nos escapamentos... e não se passe para a religião ou, como disse a jornalista, para a não-religião. Quando os que me cercam, regra-geral, forem melhores que eu em questão de princípios, ética e tratamento com outros e eu verificar que isso provém de sua religiosidade... prometo: eu me converto!

Roberto Curt Dopheide, advogado e escritor

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