quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Como A Imprensa e Comentaristas Estão Piorando A Crise Mundial


Sabemos que os 10% mais ricos da população mundial detém 40% destes títulos da dívida europeia, como detém 40% das ações das empresas de Bolsa.

Se perderem metade do valor destes títulos, nada irá acontecer com eles. Ficarão chateados, vão esconder dos amigos quanto perderam, e assim por diante. Mas continuarão a comer em bons restaurantes, viajar, não vão despedir suas empregadas e camareiras.

Efeito sobre o PIB mundial é igual a zero.

Do lado das ações, continuarão a receber 40% dos dividendos das empresas, e continuarão a ser donos de 40% destas empresas, que temporariamente valem menos.

Novamente efeito sobre o PIB mundial é zero.

Digo mais, se perderem metade da dívida, o que consertaria todos estes países, a Bolsa mundial dobraria, e portanto ganhariam mais de um lado, do que perderiam do outro.
Efeito novamente zero.

O problema é que ninguém escreve sobre isto, ninguém faz conta, e todo dia temos manchetes dizendo que o mundo irá acabar, que estes 10% ficarão mais pobres e isto será um desastre mundial.

Quando fui entrevistado pela TV Bandeirantes no meio da Crise de 2008, o apresentador me alertou para não "mostrar otimismo exagerado". Pessimismo exagerado pode.

Veja o pânico gerado pela BBC e o Fund Manager. "Dez anos de recessão".



Fica claro que o entrevistador não tem nenhum dinheiro aplicado, e que o entrevistado tem tudo a ganhar se for vendido e estiver vendendo o seu peixe para gerar uma queda generalizada.

Se Bill Gates e Warren Buffett perderem metade do patrimônio deles, nada vai acontecer para eles, e nem para nós. Mas estas manchetes estão mudando o comportamento dos 90% que estão lentamente entrando em pânico.

Subiu agora para 55% o número de famílias americanas que temem que um dos dois da família perderão emprego nos próximos 12 meses. ( Felizmente a imprensa não acompanha esta estatística porque não é seguido por economistas, somente Diretores de RH ) Este pessoal em pânico não compra carro nem imóveis, responsável por 30% do PIB.

Economistas que visitam Nova York voltam impressionados como os restaurantes estão cheios e como as lojas estão lotadas. Óbvio, se você e sua esposa decidiram não gastar 30% de sua renda em casa, carro e eletrodomésticos, sobra dinheiro para gastar em outras coisas. Como gastar pelo menos 10% em roupas e restaurantes, e economizar os 20% para quando o pânico passar.

Estamos no meio do que se chama "visão seletiva". Quando as coisas mudam para o ruim, comentaristas mudam o foco e procuram o que mais pode acontecer de ruim. Eu vi isto claramente quando eu lancei o meu livro "O Brasil Que Dá Certo". Todo mundo achava que o Plano Real daria errado, e só olhavam o negativo.

O "Brasil Que Dá Certo" foi uma quebra de paradigma no sentido que olhava para o que estava dando certo. E muitos começaram a aceitar a minha tese e passaram a olhar para outras coisas que também estavam dando certo.

Um exemplo foi o Ricardo Amorim, que de pessimista como todo economista, passou a olhar também o lado positivo, e se convenceu de que eu estava certo.

Infelizmente, a maioria dos comentaristas e a imprensa em geral, estão apavorando os 90% da população que não possuem títulos da Grécia, Japão e Alemanha, que não tem ações que podem cair pela metade, mas mesmo assim acham que suas vidas e emprego correm perigo.

Muito triste a falta de responsabilidade social da maioria dos comentaristas, que não são formados em finanças, a maioria nem possui títulos da Grécia e ações na Bolsa, nem 5 milhões de dólares, para saber que para a maioria dos ricos esta crise não fará diferença.

E se fizer, eles são menos do que 10% da população e notoriamente não reduzem o seu consumo numa crise, pelo contrário.

Fonte: http://blog.kanitz.com.br

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