sábado, 23 de abril de 2016

A imunização cognitiva

Roberto Curt Dopheide realizou uma postagem que chamou à atenção de muitas pessoas, que foi a seguinte:
"Defendo, porque democrata, que se escolha o partido a que se quer pertencer, mesmo que seja o PT. O que não me desce é a defesa cega dos poucos petistas íntegros a defender seus líderes, moral e eticamente podres. Deveriam, no mínimo, estar lutando que esses gatunos fossem expulsos, para que o partido pudesse sobreviver com um mínimo de dignidade. Ao defender qualquer um, tornam-se quaisquer uns. E já não posso considera-los dignos. Nem democratas".

Um dos comentaristas da postagem citou o que os especialistas denominam "A imunização cognitiva", para justificar, por exemplo,  o grito “não vai ter golpe”, que não é uma criação espontânea, obra do acaso. É pensado, calculado como só quem poderia engendrar seria  o marketeiro de Hitler, Joseph Goebbels. Para saber como Goebbels era demoníaco, clique AQUI.

Sua repetição imuniza cognitivamente as pessoas contra os argumentos a favor do impeachment.

A matéria a seguir tem um exemplo válido, que é o pastor Edir Macedo e sua Igreja Universal. Assista ao vídeo e leia a matéria e compare com o que ocorre na política...

O ano é 1995. Um vídeo escandaloso mostrado no Jornal Nacional apresenta o bispo Edir Macedo ensinando sua equipe como tirar o máximo de dinheiro dos fiéis. Se você não lembra, está aqui... https://www.youtube.com/watch?v=USraPukHWSo



Quando assisti àquelas imagens, pensei: o bispo acabou… Passados 20 anos, o bispo e sua igreja nunca estiveram tão fortes, tão ricos, tão poderosos. O escândalo veiculado no Jornal Nacional não destruiu nem o bispo nem seu projeto, sua base de fiéis cresceu assustadoramente, transformando a Igreja Universal num negócio bilionário, mesmo diante da evidência dos fatos.

Coisas assim acontecem ao longo de toda história da humanidade: grupos de pessoas que, mesmo diante das mais claras evidências de perigo, de más intenções, de risco, permanecem seguindo líderes visionários, malucos ou simplesmente desonestos. Como é possível que tanta gente se recuse a ver a verdade?

Os estudiosos explicam com a imunização cognitiva.

Cognitiva vem de cognição, que é o processo de aquisição do conhecimento, incluindo o pensar, a reflexão, a imaginação, a atenção, raciocínio, memória, juízo, o discurso, a percepção visual e auditiva, a aprendizagem, a consciência, as emoções. Envolve os processos mentais que influenciam o comportamento de cada indivíduo.

A imunização cognitiva é um escudo que permite que as pessoas se agarrem a valores e credos, mesmo que fatos objetivos demonstrem que eles não correspondem à verdade. A pessoa cognitivamente imunizada está no terreno da fé, que dispensa o raciocínio lógico. Para ela, argumentos lógicos não têm relevância.

E então assistimos gente com estudo, inteligente, articulada, que sabemos que não está tirando nenhum proveito material, defendendo em público o indefensável. Como é que essas pessoas chegam a esse ponto?

Bem, existem ao menos cinco fases no processo de imunização cognitiva.

Primeira fase: isolamento de quem tem opiniões contrárias, protegendo suas ideias. A pessoa vai eliminando de seu convívio ou mesmo de sua atenção, quem pensa diferente.

Segunda fase: redução da exposição às ideias contrárias. Passa a ler e ouvir apenas as opiniões em linha com seus credos. Nos estados totalitários, é quando a liberdade de expressão passa a ser ameaçada, quando a imprensa perde a liberdade, quando vozes dissidentes são caladas. É quando os processos educacionais adotam opiniões selecionadas, com autores e textos cuidadosamente escolhidos para seguir apenas uma visão de mundo.

Terceira fase: conexão dos credos à emoções poderosas. Se você não seguir aquelas ideias, algo de ruim vai acontecer. Lembra do “se você pecar, vai para o inferno”? Se você não votar naquele candidato, sua vida, suas economias, seus benefícios estarão em perigo…

Quarta fase:  associação a grupos que trabalham para combater as ideias dos grupos contrários. Isso acontece não só em política, mas até mesmo na ciência, quando métodos de investigação científica focam nas fraquezas das teorias adversárias, ignorando os pontos fortes.

Quinta fase: a repetição. Repetição, repetição, repetição. Cria-se um tema, um slogan que materializa um determinado credo ou visão, que passa a ser repetido como um mantra, numa técnica de aprendizado. O grito “não vai ter golpe”, por exemplo, não é uma criação espontânea, obra do acaso. É pensado, calculado. Sua repetição imuniza cognitivamente as pessoas contra os argumentos a favor do impeachment.

Os especialistas em psicologia das massas sabem que nossas mentes evoluíram muito mais para proteger nossos credos que para avaliar o que é verdade e o que é mentira. E os especialistas em comunicação constroem retóricas fantásticas, com intenção de desviar o tema principal e, especialmente, imunizar cognitivamente os soldados da causa.

E aí, meu caro, minha cara, não adianta mostrar o vídeo, o recibo, o cheque, o testemunho do caseiro, a ordem da transportadora, o grampo telefônico… O imunizado cognitivo está vacinado contra fatos objetivos.

Tá explicado então? Se você está se sentindo entorpecido das ideias, incapaz de descer do muro, provavelmente alguém está lhe ministrando umas doses de imunizante cognitivo.

E você nem percebeu que tá dando a grana pro bispo.

Adaptado da fonte: http://www.portalcafebrasil.com.br

2 comentários:

  1. Lamentável. Mas é uma conclusão convincente, considerando que a maioria do povo brasileiro não tem a formação social necessária para avaliar estes elementos. O Império Romano com a metodologia usada se manteve por mais de 1.000 anos. Porém, não conseguiram conquistar o norte da Escócia, onde segundo escritos deles, ali habitavam um povo bárbaro e invencível; OS PICTOS. Foram 200 anos de batalhas e por fim, os romanos construíram uma muralha para separar aquela região que não mais interessava. Quero dizer com isso que por mais que haja um número considerável de dominados cognitivamente, sempre haverá quem não deixará de lutar até obter resultado de seu objetivo.

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário. Por isso considero sábias as palavras de Albert Einstein: "Mesmo desacreditado e ignorado por todos, não posso desistir, pois para mim, vencer é nunca desistir".

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