terça-feira, 20 de novembro de 2012

A seca no nordeste e a algaroba


No cenário da seca que estamos vendo no nordeste, com ênfase em Pernambuco onde moro, chama-me a atenção, frequentemente, árvores  com frutos, exuberantemente verdes em meio à região calcinada pelo sol escaldante. Trata-se da algarobeira.

A algaroba é de extrema importância para o nordeste brasileiro, uma vez que a precipitação pluviométrica média anual dessa região gira em torno de 750 mm e, embora seja baixa para outras espécies vegetais, já é 7,5 vezes maior do que essa espécie necessita para ocorrer. Devido a essa pequena exigência em água, comprovada capacidade de medrar em solos de baixa fertilidade e de condições físicas imprestáveis a outras culturas, evidencia-se as grandes potencialidades desta leguminosa como fonte geradora de alimentos para o homem e para os animais, constituindo-se em importante fonte de desenvolvimento para as regiões áridas e semi-áridas do planeta.

A algaroba contém, cerca de 43 % de açúcares e amido, constituindo-se num excelente alimento de engorda, além de ser relativamente rico em proteínas.

E tem sido pelas suas múltiplas aplicações e usos, além de outras características importantes, que a algarobeira é reconhecida no meio rural nordestino, como "PLANTA MÁGICA", de valor precioso para o nordestino e tem sido recomendada por conceituados pesquisadores e técnicos da área para a região do polígono das secas. Fonte: http://www.ct.ufpb.br/

No entanto, a excelente qualidade e o poder calorífico do carvão e da lenha derivada da algarobeira, vem provocando uma elevada demanda dessas fontes de matriz energética e uma corrida desenfreada por parte dos produtores na busca do dinheiro rápido e fácil sem a devida preocupação com as consequências geradas pelo intenso desmatamento dessas áreas.

No cenário atual, regiões semiáridas que polarizam a produção de algaroba, já acenam para grandes dificuldades na manutenção dos rebanhos de caprinos, ovinos, bovinos e outros animais que dispõe basicamente da algaroba e da palma para sua sobrevivência durante a seca.

Extensas áreas estão ficando abertas no meio da caatinga fato esse, perceptível até mesmo ao longo das rodovias, onde os espaços vazios e desprotegidos deixados pelo intenso volume de madeira extraído e a destruição em massa dos extensos algarobais contribuirão para aumentar a temperatura, eliminar a fauna e a flora natural e acelerar evapotranspiração desses espaços.

Controladas, mesmo que de forma rudimentar, criavam um microclima e protegiam o solo, alimentavam o gado, abasteciam de lenha, madeira e carvão as comunidades rurais e ainda geravam emprego e renda com a catação dos seus frutos para muitas famílias pobres sem alternativas de sobrevivência. Fonte: http://www.ct.ufpb.br

Agora que a seca assola a região, a choradeira é grande... Mas quando este pequeno agricultor viu na derrubada das florestas de algaroba uma forma rápida e fácil de ganhar alguns trocados (pois quem ganha mesmo são os intermediários -como sempre- que fornecem a madeira da algarobeira como matriz energética para as indústria da capital e entorno), não pensaram nas consequências, tipo seus animais de criação morrerem de fome...

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